"Merda pra ti e pra tudo isto. Acabou."
Nádia releu a mensagem pela centésima vez, que continuava sem resposta. Sentia-se arrependida das duras palavras e, sentada no banco do comboio quase vazio, pensava em como as poderia remediar.
Era uma sexta-feira que se arrastava nublada e fria; um dia propício a discussões. Nádia estava decidida a mudar o rumo daquele dia, e por isso, ao sair da estação de comboio, virou no sentido oposto ao de casa e passou pelo supermercado.
Lembrou-se de fazer o jantar favorito do seu noivo: lasanha. Devido à complexidade da receita (ou melhor, ao tempo que ela demora a preparar), era muito raro fazê-la; menos ainda num dia de semana. Tinha a certeza de que aquela seria uma ótima surpresa, que apaziguaria as águas entre os dois jovens corações, e um gesto mais poderoso do que o simples: “Desculpa-me, não quis dizer aquilo.”
Com tudo comprado, seguiu caminho até casa a pé, carregada com um saco cheio numa mão, uma garrafa de vinho na outra, peito levantado e sorriso no rosto.
Hoje, ainda ia ser uma boa noite!
Joel também já não devia demorar; certamente já vinha a caminho de casa.
Enquanto programava o jantar na sua mente, e salivava com o cheiro da lasanha acabada de sair do forno e do seu amado noivo, um pé desatento pisa na estrada, mal vê o seu prédio. Sem se dar conta de quem vai estrada.
Nela, vai um carro que se apressa na sua direção, e que não aparenta qualquer intenção de parar.