Há casas que são dor,
E a vossa é uma delas.
Pois vocês, já não param à janela.
Os vossos sapatos, lamacentos,
Já não decoram a porta da entrada.
No fogão da cozinha
Já não ferve nada,
E a televisão, está calada.
Percorro os quartos
E ainda que tenham vida,
Já não me sabe a nada
Pois, neles não dormem
Quem eu mais queria.
Consigo ouvir vozes,
Mas são as nossas.
Vejo ainda roupas,
Mas não as vossas.
Guardo uma horrível saudade.
E, ainda hoje, recuso
Aceitar a verdade:
Que Deus vos levou.
E agora eu,
Sou apenas uma metade.